Esse foi um livro que surgiu do nada pra mim, nunca havia ouvido falar dele e nem a sua sinopse. Mas assim que vi a capa e li a sinopse, eu fiquei muito interessado, afinal o tema "palhaços tristes" me atrai muito e me desperta um profundo interesse.
O livro se inicia com um homem acorrentado em frente ao tribunal da cidade, logo um repórter chegar para saber o motivo do protesto e consequentemente descolar uma matéria. Esse homem é José Hilário, o palhaço Risoleta do Circo Nacional. Ele está acorrentado porque segundo ele o circo vai muito bem, a plateia é volumosa e o lucro igualmente, mas o salário não. José constituiu uma família junto de La Konga, e com a chegada dos filhos, o salário que recebe já não é suficiente. Ele protesta por um salário melhor, por uma repartição mais justa do lucro. O repórter perde para que ele conte a sua história e diga como chegou a tal ato, e então é assim que adentramos no Circo Nacional e conhecemos os seus funcionários, do contorcionista até o domador de animais. José Hilário anda em cada trailer do circo tentando chamar os companheiros e amigos para sua luta e nisso vemos como cada um enxerga, ou aprendeu a enxergar, a vida do circo, e ele se vê só percorrendo esse caminho de luta.
Não é preciso falar muito para entendermos que esse livro curto de menos de cem páginas constitui uma metáfora e uma crítica ao capitalismo. Desde do nome das personagens, que tendem por evidenciar ainda mais a ironia presente no texto, até o próprio andar da narrativa que se inicia "de baixo pra cima" na pirâmide social. José Hilário é o palhaço, Edmar Apior é o contorcionista, Caio Calado é o equilibrista. Cada um com sua visão de mercado e dos impostos loucos que impactam no pequeno salário que recebem. Impostos estes que vão desde uma "Taxa Sobre a Lei da Gravidade" aplicada ao equilibrista, até uma "Taxa sobre gargalhadas", "Autorização para uso de roupas largas", "Multa sobre o excesso de tamanhos dos sapatos" e por ai vai.
Esse foi um livro rápido de ler, tanto pelo seu tamanho quando pela complexidade da escrita. É um daqueles livros que você lê de uma vez e que não consegue largar facilmente, pois a narrativa é contínua. Eu adorei o modo como o autor construiu o circo, desde o nome dos personagens até o modo como eles estão quando José Hilário os encontra. O final foi bom, o jeito que a cena foi descrita e o jeito como o texto nos leva a acreditar em um final e na verdade é outro. Eu recomendo essa leitura pra quem está em uma ressaca ou quer apenas um livrinho rápido de ler.
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