Nesse livro a história principal parte da exploração da terra virgem, que irá abrigar uma futura plantação de cacau logo após a sua exploração. O livro se divide em algumas partes que contam desde a influência até a ganância que o cacau gera nas pessoas do Brasil, fazendo com que navios carregados de pessoas cruzem os mares até a "Terra do sem fim" no litoral da Bahia, onde as assombrações, lendas, mitos, tocaias e o cacau predominam na região.
Nessa região ainda virgem vários males são vistos, vivenciados e narrados por Jorge Amado como: a mata cerrada, a varíola, uma febre que mata até mesmo o mais forte dos homens, além das cobras venenosas, onças, e é claro os tiros e o sangue humano.
Na primeira parte do livro "O navio" vemos alguns personagens em um barco que sai, passa por alguns portos do nordeste para a Bahia ou "terra do sem fim". Nesse barco temos os mais distintos personagens: um aventureiro, uma prostituta de luxo, um homem em busca de vingança, um romântico, um negociante rico e um vigarista. Jorge Amado, assim como em todos os seus livros, constrói um ambiente misterioso e real, nesse caso o ambiente tem como trilha sonora um tocador de violão e um coro geral dos tripulantes que cantam as desgraças da mata e o desgraçado futuro de todos os tripulantes do barco. Esse elemento narrativo não afeta em muito os personagens e nem lhes faz sofrer nenhum efeito, mas por outro lado faz com que o leitor sinta uma breve antecipação do que espera esses personagens quando chegarem a essa terra maravilhosa de riqueza fácil onde o cacau é cama de gato e a vida é fácil.
Nessa parte também somos introduzidos ao que é o caxixe e como os fazendeiros o fazem. Em uma explicação rala, o caxixe é um golpe que os proprietários de terras ricos dão nos iniciantes, um fazendeiro vende a terra a outro sem documentar a venda e depois de um tempo ele toma a terra vendida de volta com o apoio da lei e da documentação original da terra.
Na segunda parte "A mata" somos introduzidos ao plot principal da trama. Entre as fazendas dos Badarós e fazenda de Horácio existe a mata de salgueiro grande, uma extensa faixa de mata virgem que de acordo com os mais experientes é perfeita para o plantio de cacau. Sabendo disso os Badarós, políticos da situação e conhecido na região por ser fiel ao seus empregados, decide comprar uma terra que daria a abertura necessária para iniciar a exploração. O proprietário da terra decide que não quer vendê-la, sem encontrar outra saída os Badarós mandam um jagunço matar o homem em uma emboscada.
Esse jagunço, Negro Damião, é conhecido por não errar nenhum tiro e ser o melhor matador da região, nessa emboscada ordenada pelos Badarós ele erra  tiro. Fazendo com que  fazendeiro peça abrigo a Horácio, iniciando assim a briga pelo direito de exploração daquela terra.
Nais demais partes vemos o desenrolar desse conflito e vemos também o poder que o Jorge Amado tem de criar personagens reais e sub-historias intrigantes.
Como na maioria dos livros de Jorge Amado a descrição poética dos cenários e acontecimentos deixam o livro mais fácil de ler e mais rápido, nesse livro, a minha parte preferida foi da rescrição da mata, e de como os homens a temem e a veneram.
E, de sú­bi­to, na noi­te de tem­po­ral, dian­te da ma­ta, os ho­mens des­cobriam es­se re­can­to trá­gi­co do uni­ver­so, on­de ha­bi­ta­vam as as­som­brações. Ali, na ma­ta, em ­meio da flo­res­ta, so­bre os ci­pós, em com­pa­nhia das co­bras ve­ne­no­sas, das on­ças fe­ro­zes, dos agoi­ren­tos co­ru­jões, es­tavam pa­gan­do pe­los cri­mes co­me­ti­dos aque­les que as mal­di­ções ha­viam trans­for­ma­do em ani­mais fan­tás­ti­cos. Era da­li que nas noi­tes sem lua par­tiam pa­ra as es­tra­das a es­pe­rar os vian­dan­tes que bus­ca­vam ­seus la­res. Da­li par­tiam pa­ra ame­dron­tar o mun­do. Ago­ra, em ­meio ao ruí­do do tem­po­ral, os ho­mens pa­ra­dos, pe­que­ni­nos, ou­vem, vin­do da ma­ta, o rumor das as­som­bra­ções des­per­ta­das. E ­veem, quan­do ces­sam os ­raios, o fo­go que ­elas lançam pe­la bo­ca, e ­veem, por ve­zes, o vul­to ini­ma­gi­ná­vel da caa­po­ra bai­lan­do seu bai­la­do es­pan­to­so. A ma­ta! Não é um mis­té­rio, não é um pe­ri­go nem uma amea­ça. É um ­deus!
Esse livro foi um dos melhores livros que eu já li do autor, juntamente com Capitães de Areia ele faz parte dos melhores livros que eu li na minha vida.
Esse é aquele tipo de livro que eu indico para quem quer ler Jorge Amado.
Essa foi a resenha de hoje. Espero que tenha gostado, compartilhe ela com quem você sabe que gosta de literatura. Até a próxima.