Nesse livro vemos, em seu início, um curto diálogo entre três amigos no qual eles se propõe a relatar como foi o primeiro amor de suas vidas. Dois deles contam que não tiveram um primeiro amor, já Vladímir Petróvitch conta que seu primeiro amor não foi comum e decide escrever sobre ele para não perder detalhes e nem se confundir quando for contá-lo aos amigos. É sobre esse caso que a história trata.
Em uma datcha de sua família Vladímir passava um período se preparando para entrar em uma universidade. Quando algumas princesas pobres se mudam para a casa ao lado da sua ele se apaixona por uma delas, Zinaida, que além dele tinha diversos outros rapazes apaixonados por ela, mas ela por outro lado "colecionava" os homens, ou melhor dizendo, gostava de ser cortejada e até mesmo brincava com a submissão que o amor deles fazia-os sentir por ela, criando joguinhos e gincanas se divertir com eles, esses joguinhos tinham como prêmio um beijo em sua mão ou outras coisas desse gênero.
Zinaida é mais velha do que o protagonista e o enxerga como uma criança e não como um futuro par romântico.
A idade do protagonista é crucial para entendermos o livro, por conta sua inexperiência com o amor o jovem Vladímir narra tudo com uma ingenuidade genuína, deixando escapar detalhes claros de que ele e os demais rapazes estão sendo manipulados por Zinaida, isso fica visível para o leitor, mas não para o personagem. Isso fica bem claro nas descrições e nas atitudes do protagonista, que por ser imaturo, descreve ela como um ser divino e digno de devoção.
A novela é sobre isso, a imaturidade do amor e como ele nos faz fazer coisas que de fato não compreendemos.
Durante o decorrer da história, Vladímir descobre de Zinaida está apaixonada e isso o corroí de uma maneira desastrosa e cruel, e quando ele descobre o rosto dessa paixão a sua dor só aumenta.
Ivan Turguêniev, no final do livro, nos mostra o quão bobo pode ser o amor, mostrando no futuro o fim de Zinaida e ilustrando o quão irracionais nos tornamos quando estamos apaixonados e o quanto isso passa e se torna irrelevante em nossas vidas.
Ah, juventude! Juventude! Você parece não ligar para nada, parece possuir todos os tesouros do universo, até a tristeza lhe traz contentamento, até o desgosto lhe cai bem, você é confiante e ousada, você diz: Só eu vivo — cuidado! Mas também para você os dias correm e somem, sem conta e sem deixar vestígio, e tudo em você desaparece, como a cera sob o sol, como a neve…E talvez todo o segredo de seu encanto consista não na possibilidade de fazer tudo, mas na possibilidade de pensar que você fará tudo
A novela é curta, perfeita para se ler em um dia. A grande revelação de quem é o amor de Zinaida é bem previsível, no meio do livro eu já matei que seria, e acertei, mas eu decidi não evidenciá-lo aqui para não estragar a experiência de vocês.
Eu nunca li nada de Ivan Turguêniev, mas eu sei que em suas obras ele gosta de abordar a política e a sociologia, nessa obra eu não senti isso, aqui ele trata do emocional e dos sentimentos, isso faz com que mesmo com as marcações de tempo a obra seja atemporal, pois ela não está tratando da sociedade, mas sim dos sentimentos individuais de cada um.
Eu gostei bastante da leitura e principalmente da forma com que a história foi iniciada, como uma história dentro de outra história, e espero que vocês leiam essa novela curtíssima, pois vale muito apena!